quarta-feira, julho 12, 2006
Castelo de areia
Sentados na areia, próximos ao mar, duas crianças: um menino e uma menina. Ela pega os punhadinhos úmidos de areia e constrói um castelinho. Embora descontraída, ela encara sua "construção" com responsabilidade. Ele resume-se a observar e, vez ou outra, acrescentar um punhadinho de areia ou ajeitar algum detalhe. Para ela, o castelinho era uma construção dos dois, portanto, ela quer dar o melhor de si. Ele sorri como se para ele aquilo tivesse a mesma importância. Para a menina, aquele sorriso e as pequenas contribuições do menino bastam. São, a seu ver, o modo particular daquele garotinho demonstrar que está envolvido na contrução tanto quanto ela.
Repentinamente, o menino se levanta. Olha mais uma vez para o castelinho, já em fase adiantada. Sem demonstrar qualquer sentimento, chuta a construção, destruindo-a, mas não por completo. Em seguida, se senta e sorri para a menina. Ela sorri em retorno. Na verdade, quer chorar, quer agredí-lo, mas apenas finge que está tudo bem. E, agindo naturalmente, ele coloca um novo punhadinho de areia para reconstruir o castelo. A menina, como esquecendo-se do que acabara de acontecer, sente seu coração alentado e volta a trabalhar naquele castelinho que, para ela, é dos dois.
Mais uma vez, o menino destrói e volta a contruir. Destrói e volta a construir. Com o coração já esmigalhado, a menina não reage. Já não acredita que aquela construção é dos dois. Agora, não é mais nem dela, pois ela não põe seus mais profundos sentimentos naquilo. Age mecanicamente, sorri, mas esconde uma dor profunda que, provavelmente, jamais deixará o menino saber.
De sorrisos falsos, alguns verdadeiros, dores, alegrias, mas nenhum envolvimento mais profundo, a construção segue. Talvez nunca tenha fim. Talvez, acabe sem que o castelo seja totalmente restaurado...
Postado por Chihô
às 10:13 PM
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